
Suponha que, ao construir uma parede com tijolos, depois de cada fila construída, o tamanho dos tijolos vai ampliando. A analogia pode à partida parecer estranha e até irrealista, mas é possível e pode acontecer, mais especificamente com o seu dinheiro. Referimo-nos ao poder do juro composto. Sabia que pode, sem esforço, ver o seu património rentabilizar ao longo do tempo?
Juro composto: o que é?
Simplificando, o juro composto é um juro a ganhar juro. Talvez pareça confuso à partida, mas vamos descomplicar: quando aplica o seu capital num depósito beneficia de um juro simples ao longo de um determinado período de tempo. Se esse depósito pagar juros semestralmente com base numa taxa, está a remunerar todos os semestres o juro ganho no semestre anterior. O seu capital cresce assim, ao longo do tempo, através da incorporação do juro simples no capital inicial e do aumento (natural) do capital que vai sendo remunerado através de “juros sobre juros”.
Resumidamente:
- Os juros simples são juros somados ao capital inicial no final da aplicação, sem beneficiarem de acumulação de capital;
- Os juros compostos são juros somados ao capital ao fim de cada período de aplicação, formando com esta soma um novo capital;
- O crescimento dos juros simples é linear enquanto o dos juros compostos é exponencial, tendo por isso um crescimento muito mais rápido.
Juro simples e o juro composto: como se calculam?
Façamos um exercício prático. Se aplicar um montante de 5 mil euros a 3 anos com uma taxa de juro de 5% ao ano conseguirá diferentes remunerações em regime de juro simples e de juro composto, respetivamente:
Em regime de juro simples
- No 1.º ano: 5 000 € + 5 000 € x 0,05 = 5 250 €
- No 2.º ano: 5 250 € + 5 000 € x 0,05 = 5 500 €
- No 3.º ano: 5 500 € + 5 000 € x 0,05 = 5 750 €
Em regime de juro composto
- No 1.º ano: 5 000 € + 5 000 € x 0,05 = 5 250 €
- No 2.º ano: 5 250 € + 5 250 € x 0,05 = 5 512,50 €
- No 3.º ano: 5 512,50 € + 5 512,50 € x 0,05 = 5 788,10 €
A “regra dos 72”: como utilizar
Agora que já sabe o que é um juro composto e como o pode calcular, também é uma boa altura para aprender a fazer uma estimativa dos seus ganhos futuros. É aí que entra a “regra dos 72”, uma ferramenta de cálculo simples e rápida que lhe dá uma noção aproximada de quanto é que o seu investimento pode vir a crescer com o passar do tempo.
Esta regra assenta na premissa de que a percentagem de juros vezes o número de anos que o capital inicial leva a duplicar é de aproximadamente 72. Por isso, basta dividir o número 72 pela taxa de juro a que vai remunerar o capital. Assim, se beneficiará de uma taxa de juro de 6% para remunerar as suas poupanças, é expectável que o seu investimento duplique em aproximadamente 12 anos.
Que fatores exercem influência no juro composto?
Quando falamos de juro composto, podemos dizer que o tempo é mesmo o seu melhor amigo, porque quanto mais tempo o seu dinheiro estiver a render e a acumular juros, maior a quantia que terá no final.
Outro aspeto determinante é naturalmente a taxa de juro, um fator que não é estanque e pode variar ao longo dos anos. Se, por exemplo, ao longo de 50 anos a taxa de juro aumentar significativamente dos 2 para os 5%, o dinheiro que aplicou vai sofrer um aumento consideravelmente superior ao que seria esperado caso a taxa não se alterasse. Por conseguinte, o tempo e a taxa de juro conduzem-nos à remuneração (capitalização): uma vez que o juro composto atua sobre o capital acumulado e não sobre o montante inicial, estará intimamente dependente desta mais-valia, na medida em que os seus ganhos crescem em função dos ganhos anteriores.
E claro, a força da inflação. Ao falarmos de aplicações financeiras, e especialmente das de longo prazo, devemos considerar os retornos reais da aplicação descontando sempre a inflação desse mesmo período.
Ainda precisa de mais motivos para querer juros compostos na sua vida?
Einstein disse um dia que o juro composto é a força mais poderosa do universo, porque permite uma sistemática acumulação de riqueza. O juro composto é um bom companheiro até para quem tem pouco capital, porque a lógica subjacente é sempre a mesma: quer tenha 500 ou 5000 euros, o seu investimento terá sempre a mesma hipótese de crescer e originar bons retornos. Por outro lado, oferece alguma segurança e tranquilidade e o seu capital inicial estará constantemente em crescimento, proporcionando-lhe ganhos garantidos.